Díli – O Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, acredita que o novo chefe de Estado timorense, José Ramos-Horta, possui qualidades únicas que podemajudar a ultrapassar desafios em Timor-Leste. Marcelo esteve no país na última semana na posse de Horta como presidente e para participar das celebrações dos 20 anos da Restauração da Independência.
Na avaliação do Presidente português, Horta é o tipo de personalidade pública que possui “contactos no mundo que ninguém mais tem” e que isso é muito importante para estabelecer parcerias e atrair investimentos.
“Timor desenvolveu-se muito aceleradamente e, no futuro, será um lugar de progressão em muitos domínios. Naturalmente, com prioridade para a língua portuguesa, educação, cultura, saúde, defesa e segurança,mas também ao apoio diplomático e das relações internacionais”, destacou Rebelo, durante a inauguração formal da nova Embaixada de Portugal, em Díli, na última sexta-feira (20/05).
Marcelo espera também, nos próximos anos, aprofundar as relações entre Portugal e Timor-Leste. “Apesar da distância que nos separa, vai ser um período excelente”, afirmou.
Presente na visita à nova Embaixada de Portugal em Díli, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, reforçou as palavras de Marcelo e assegurou que Portugal estará ao lado de Timor-Lestepara ultrapassar os obstáculos que o país tem pela frente.
Cravinho lembrou que os detalhes do próximo Plano Estratégico de Cooperação (PEC) entre Portugal e Timor-Leste vão ser trabalhados entre os governos a partir de 2023. Segundo o ministro, os pormenores desseacordo serão construídos de forma conjunta, sendo que o primeiro passo é ouvir as autoridades timorenses.
O PECprevê investimentosnos âmbitos da educação e da promoção da língua portuguesa, duas das áreas mais importantes consideradas no acordo.
“Ao falar de Timor, estamos a falar da juventude, que é a maioria da população. Timor-Leste é um país com desafios estratégicos e geoestratégicos. Tudo isso tem de ser levado em conta. Além da juventude, devemos apostar também na promoção da língua portuguesa por ser um fator identitário muito importante e que distingue Timor de outros países da região.Temos de ver se conseguimos reforçar o PEC, pois 100% do orçamento atual já está a ser utilizado”, disse o ministro.
“Imprensa livre e forte”
Tendo sido jornalista antes de ingressar na política, Marcelo destacou o papel do jornalismo para a melhoria de uma democracia. Para o Presidente português, “a importância da liberdade de imprensa é o respeito ao pacto político”.
O chefe de Estado mostrou-se otimista em relaçãoao cenário da imprensa em Timor-Leste e citou como exemplo o discurso de Horta na tomada de posse, além da própria Constituição do país.
“Na sua fala, o presidente eleitodedicou vários parágrafos à liberdade de imprensa. Na Constituição de Timor-Leste, também há um capítulo inteirovoltadopara a Comunicação Social, em que é destacada a defesa à liberdade de informação bem como o direito do cidadão em ser informado. Isto mostra a prioridade que tem para a sociedade de Timor-Leste, como um pilar da democracia, uma imprensa livre e forte”, notou.
O Presidente português contou ainda que conhece bem Timor-Leste, pois, durante o período em que foi professor de Direito em Portugal, teve alunos de licenciatura e mestrado timorensese até acompanhou, à distância, alguns doutorandos.
“Essas experiências permitiram-me conhecer muito bem a visão mais pessoal e, se preferir, a visão mais comunitária da vida em Timor”, explicou Rebelo. “Porém, quando vens a Timor, o que se nota é uma a terra aindamais bonita, emque as pessoas são ainda melhores do que nós já sabíamos”, disse o presidente.(CLJ)
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