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Politicus: Prostitutas das Ideologias

Augusto Sarmento - #ElPar2023 · Opiniaun
Jornalista : Afmend Sarmento
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Prólogo

Nas suas origens mítica e mística in illo tempore, a tradição da filosofia grega deixou-nos um grande marco histórico, desde os primórdios tempos da fundação da polis grega, com a contribuição de Aristóteles, que introduziu na convivência da sua comunidade o desenvolvimento da política por via do termo zoon politikon, que o célebre advogado, político e filósofo romano, Sêneca formulou na afirmação de animal socialis que, finalmente, foi consagrado por São Tomas de Aquino como homo est naturaliter politicus, id est, socialis, ou seja, o homem é, por natureza político, isto é, social (Bobbio, 2000, 222-223).

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Por isso, esta cultura helénica foi adoptada e encarnada na cultura latina que, posteriormente, foram espalhadas por todo o mundo pelos europeus na Era dos Descobrimentos, que os navegadores fizeram explorações marítimas com a intenção para descobrir “novos mundos”, sobretudo pelos portugueses e espanhóis, que estabeleceram ligações com África, América e Ásia nos séculos XV e XVI, posteriormente, os ingleses navegaram ao oceano Pacífico, chegando à Austrália e Nova Zelândia.

Nesta grande epopeia de descobrimentos, os navegadores foram constituídos por três componentes, quer dizer, os militares, mercenários e missionários iam em busca de novas terras e novos mundos, por sorte ou por ironia do destino, os missionários chegaram primeiro a ilha de Timor Lorosa’e, através da sua entrada no Lifau em 1515, que começaram a dar marca a esta sagrada ilha com o lema: “terra de santa cruz”, por isso, Timor não foi uma conquista com a “espada do Rei”, mas sim com a “Cruz de Cristo”, que foi o baluarte dos missionários.

Com a presença dos missionários que começaram a habitar esta maravilhosa ilha conhecida popularmente por  ilha de Abo lafaek, que é dotado por uma beleza natural e humana, por sua vez, atraiu as atenções de todos os países de potência mundial, principalmente, pela sua riqueza chamada o petróleo.

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No entanto, não só o petróleo mas também o cheiro do sândalo impulsionou os comerciantes estrangeiros para navegarem até Timor com os interesses de negócio. Devido à entrada do sândalo na Europa, cativou o coração do Rei para reconhecer a ilha de Timor como uma colónia ultramar do Estado Português durante 450 anos da colonialização.

Entretanto, a Revolução dos Cravos trouxe aufklärung, ou seja, a iluminação aos jovens timorenses como Nicolau Lobato, Francisco Xavier do Amaral, José Ramos Horta, Marí Alkatiri, Xanana Gusmão, Borja da Costa, Abílio Aráujo, entre outros, para fundar esta querida Pátria: República Democrática de Timor-Leste. A partir daquele feliz momento, estes filhos dos timores começaram a “fazer a política” sem terem frequentado nenhum curso de ciência política, porém mostraram um grande resultado: Fundação da Pátria.

Prostituição política

Aristóteles foi o grande mestre da política, que definiu “o ser humano é um animal político”, que se preocupa com o bem público, por isso é que o Nicolau Lobato ressaltou que “não há homens apolíticos numa conjuntura como esta pois, quem não é pro e contra, que não é pela mudança é pela situação” (Gusmão, 2018, 102).

Incutidos nesse espírito de luta para o bem comum da polis, Aliança Nacional Maubere (ANM) efetuou em vários momentos a manifestação universitária contra os detentores do poder no PN relativamente à compra de    Prados para os deputados. Nesta situação caótica, os utilizadores das redes sociais exprimiram as suas contestações através da desunião da palavra deputado, tirando, neste caso, o prefixo de e o sufixo do para criar uma nova palavra que utilizada comumente em tétum e português “puta” (deputado), para caracterizar os deputados, com uma conotação pejorativa que, de certa forma, tem a sua raiz filosófica no diálogo entre Antifonte e Sócrates.

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Neste diálogo, Sócrates chamava os sofistas de “prostitutas do saber” por só aceitarem ensinar a retórica e oratória, a arte de falar propriamente dita, para aqueles que estivessem dispostos a pagar por dinheiro, entretanto muitos cidadãos estavam dispostos a frequentar as aulas dadas por sofistas, pois era extremamente importante naquela época saber expôr ideias, porque já se viviam a era da democracia em Atenas. Eis o trecho daquele diálogo:

Olha, Antifonte, entre nós, acreditamos que a beleza e a sabedoria tanto podem ser belas como vergonhosas: porque se alguém vender, por dinheiro, a sua beleza a quem a quiser, chama-se prostituição, mas se alguém travar conhecimento com um amante bem formado e se tornar seu amigo, consideramo-lo sensato. E com a sabedoria passa-se o mesmo: àqueles que a vendem por dinheiro chamam-lhes sofistas [que é o mesmo que prostitutas] enquanto àquele que conhecer alguém de boa índole e lhe ensinar o que tem de bom, tornando-se seu amigo, desse acreditamos que o que ele faz corresponde à actuação do cidadão perfeito” (Xenofonte, Memoráveis, 6:13-14).

O termo prostituição é derivado da língua latina do verbo prostituere, que significa permitir-se a cometer o adultério. Traduzido para a língua inglesa com o epígrafe de prostitution que, por sua vez, significa pelacuran na língua indonésia, que é proveniente da frase lacur com o significado de infeliz, miserável, desgraçada, e mau comportamento. Neste sentido, pelacuran significa um ato de vender-se a si mesmo (Burlian, 2016, 202).

De acordo com William Benton na Encyclopedia Britânica, a prostituição pode ser entendida como uma prática de ter a relação sexual em determinado momento, com quem quer que seja, para obter dinheiro (apud, Burlian, 2016, 203), numa só palavra, um trabalho realizado por uma mulher ou um homem, cuja finalidade para obter dinheiro com intuito para satisfazer o desejo sexual.

Outro termo ligado a prostituição é a pornografia. Etimologicamente, é derivado da língua latina: pornôs (prostituta), porneuô (viver de prostituição) e pernêmi (vender, exportar, escravizar). Entrou na cultura indo-europeia através da palavra per, que tinha o sentido de vender e está presente no latim pretium, que deu origem à palavra preço (Oliveira, 2020, 36).

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É arrepiante ver o filósofo da Pontifícia Universidade Católica Paraná, Jelson Oliveira, utiliza o termo “pornografia política” para criticar “o desmanche das políticas ambientais” no Brazil (Oliveira, 2020, 48) que o caracteriza como uma “sociedade pornográfica”, isto é “o que tem carácter de exploração, o que age à margem da moral, o que pratica devassidão (…), descontrolada, excessiva e, por isso mesmo, exploratória e destrutiva” (Oliveira, 2020, 36).

A nossa sociedade timorense estigmatiza e marginaliza as prostitutas, enquanto aplaude e reverência os “políticos” que de sui generis vendem as suas “falsas ideologias” através das promessas falsas para obter lucros económicos, para além de honras e outras regalias.

E as prostitutas? Suponho que estas são obrigadas a entrar neste mundo de prostituição devido a precariedade da situação socioeconómica no país, são de facto “oprimida pela cegueira da ignorância, do obscurantismo multissecular, pelas chagas sociais da prostituição…” (Gusmão, 2018, 102) pois ninguém quer vender o seu corpo apenas para satisfazer o desejo carnal, ainda por cima, é considerado como um trabalho imoral e uma patologia social no seio da sociedade.

Neste período da campanha eleitoral, da mesma forma que as prostitutas, os políticos também se vendem as suas falsas ideologias, através das promessas de criarem já o “céu” nesta nobre terra de Lorosa’e, que por fim se tranformou num “inverno” sufocante para o povo que os aplaudiu durante o período denominado festa da democracia. (*)

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