DÍLI – O Nobel da Paz José Manuel Ramos Horta sugeriu aos líderes nacionais e partidos políticos com assento parlamentar em Timor-Leste (TL) que cooperassem de modo a salvarem a economia nacional.
“A meu ver, o Governo não tem boa vontade, planos e iniciativas para apoiar a economia nacional. O Executivo deve considerar o estado de emergência da economia”, disse Ramos Horta, este sábado (19/04), na sua página do Facebook, mostrando preocupação com condições económicas do país.
O ex-Presidente da República pediu ainda ao Governo que efetuasse diálogos junto dos setores de produção nacional para rever as questões dos subsídios, a concessão de crédito por parte do Banco Nacional do Comércio de Timor-Leste (BNCTL) e do Banco Nacional Ultramarino (BNU), com juros de 1%, e a possibilidade de congelamento de dívidas antigas.
Segundo José Ramos Horta, este Governo minoritário não obterá apoio no Parlamento Nacional (PN), pedindo, como tal, “humildade” ao atual Primeiro-Ministro no diálogo com a nova coligação liderada por Xanana Gusmão de modo a preparar um OGE de Emergência Nacional com o intuito de salvar a economia do país.
“Acho que a coligação pode cooperar com a FRETILIN. Os Maun Boot Xanana Gusmão, Taur Matan Ruak e Mari Alkatiri devem envidar todos os seus esforços na adoção de planos que salvem a economia [deste país] através de um OGE de Emergência Nacional”, referiu Horta na sua página.
O ex-Primeiro-Ministro do II Governo Constitucional de TL referiu ainda que, durante uma visita ao Mercado Municipal de Manleuana, verificou que este espaço era organizado.
“É um mercado bem organizado. Os vendedores puseram água e sabão ao dispor para a lavagem das mãos. Há vários produtos à venda. Comprei alguns artigos alimentícios timorenses, como mandioca, batata-doce, pepino, flor de papaia, feijão e tomates. Pelo contrário, quando fui a Liquiçá, muito raramente vi produtos à venda”, disse.
Horta fez também, no passado dia 8, uma outra publicação sobre a economia em Timor-Leste, onde afirmou que a maioria dos alimentos consumidos pelas pessoas nos centros de quarentena e isolamento é importada.
“Alguns cidadãos timorenses aproximaram-se do Centro de Crise e dos ministérios relevantes para conseguirem contratos para a preparação de refeições. A resposta recebida foi de que o Governo já tinha contratado empresas para o efeito. Estas empresas contratadas não dão importância aos produtos locais. Existem quatro mil pessoas a que o Estado deve dar de comer e beber três vezes por dia. O dinheiro vai, assim, todo para o estrangeiro”, explicou.
Ramos Horta mantém o seu apelo aos timorenses de terem um espírito de diligência na produção, cultivo, criação de animais e indústria de modo a serem independentes.
“Podíamos fazer ficar no nosso país, pelo menos, 10% de 150 milhões de dólares alocados [ao combate à covid-19], utilizando os nossos próprios produtos locais. Pelo contrário, 99% deste orçamento vai todo para o estrangeiro”, disse.
Já João Saldanha, fundador da universidade com o seu nome, estima, por seu turno, uma recessão económica de 3% e uma paralisação de 50% das atividades comerciais e industriais, caso o Governo não tome medidas adequadas.
“Vários supermercados pararam as suas atividades durante esta crise da covid-19. As indústrias, como a carpintaria, a produção de blocos e tijolos e algumas empresas ligadas à construção civil, estão paralisadas. Devemos encontrar meios para apoiar a subsistência da economia do país, mas ainda não temos a certeza de quando é que a doença vai terminar”, disse o economista.
João Saldanha sugeriu, de igual modo, ao Governo que procure os meios possíveis para o desenvolvimento da produção em Timor-Leste, em especial a realização de campanhas junto da população sobre atividades importantes, como a agricultura. (ato)
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