Díli – A Organização Não-Governamental La’o Hamutuk disse, na passada quinta-feira (30/01), que o impasse político que o país atravessa poderá afetar o processo de integração de Timor-Leste na Associação dos Países do Sudeste Asiático (ASEAN, em inglês).
“Na minha perspetiva, a situação atual do país pode afetar o esforço do Estado timorense para aderir à ASEAN”, disse Mariano Ferreira, investigador e financeiro, aos jornalistas, no seu local de trabalho.
O investigador recordou ainda que a sociedade civil tinha antes alertado o Governo para a necessidade de resolver primeiro os assuntos internos, em particular nos setores-chave como a agricultura, turismo e indústria, antes de poder vir a integrar a ASEAN.
“Desde 2017 que o Governo timorense está debilitado. Politicamente, ainda não está pronto para ser um dos membros da ASEAN, pois a situação política do país está caótica. Perante este cenário, como é que podemos encarar a possibilidade de o país vir em breve a integrar a organização?”, questionou.
Para Mariano, além da ação política deficitária, o Governo olha pouco para o setor agrícola, que constitui um dos parentes pobres, levando, desta forma, o Estado a importar arroz de outros países, como a Indonésia, Vietname e Tailândia.
O investigador insistiu, por isso, na necessidade de o Executivo pôr termo aos problemas internos, antes de o país aderir à ASEAN.
“É vital que analisemos de forma adequada e sem pressas o acordo de Mercado Livre da ASEAN para impedir o retrocesso económico no nosso país”, afirmou.
Já o Pró-Reitor III da Universidade de Dili (UNDIL), Hugo Lourenço, é de opinião contrária. A situação política atual, segundo o Pró-Reitor, não afetará a vontade manifestada pelo país em integrar a ASEAN, mas antes condicionará o desenvolvimento das infraestruturas básicas.
“Faltam ainda vários aspetos para recebermos condignamente os estrangeiros. Não dispomos de hotéis suficientes, restaurantes, transportes públicos e de bons acessos. É necessário, por isso, que o Governo invista mais nas infraestruturas básicas. Para mim, apesar de o país estar politicamente pronto para integrar a ASEAN, economicamente não está. Exemplo disso, é o facto de continuarmos a depender do arroz importado, vindo de países como o Vietname, Indonésia e Tailândia”, afirmou.
“Continuamos a enviar os nossos jovens para o estrangeiro. Então, quem vai trabalhar no nosso país? Serão os cidadãos estrangeiros, como os indonésios, chineses, malaios, indianos ou filipinos?”, perguntou. (kyt)
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