DÍLI – Os deputados no Parlamento Nacional mostraram-se preocupados com a posição do Estado de Timor-Leste em abster-se na votação de uma resolução da Assembleia da ONU que condena o golpe militar em Myanmar.
O deputado da bancada do Partido Congresso Nacional de Reconstrução de Timor-Leste (CNRT) Patrocínio Fernandes considerou inaceitável o facto de o atual Governo se ter abstido na votação dessa resolução que condena veementemente o golpe militar em Myanmar, pondo em causa os direitos humanos neste país asiático.
“Enquanto representante do povo, sinto uma enorme tristeza e ao mesmo tempo vergonha o facto de Timor-Leste ter optado por abster-se face à situação vivida em Mianmar. Os incidentes ocorridos entre 18 e 19 de maio de 2020 significaram o regresso ao Estado de ditadura”, disse Patrocínio Fernandes, esta terça-feira (22/06), no plenário do Parlamento Nacional.
O parlamentar fez, por isso, um apelo ao Ministério dos Negócios, Estrangeiros e Cooperação (MNEC) que esclarecesse a posição de Timor-Leste face ao golpe militar que deu origem a uma onda de violência durante vários dias.
Na mesma linha, o deputado da bancada do Partido Democrático (PD) Mariano Assanami Sabino disse que a sua bancada condenou igualmente o atual Governo por se ter abstido na votação de uma resolução da Assembleia da ONU que condena o golpe militar em Myanmar.
“A nossa luta teve por base a democracia e os diretos humanos. Proclamámos, em 28 de novembro, a República Democrática de Timor-Leste (RDTL), como país democrático”, referiu.
O parlamentar lembrou ainda que Timor-Leste não chegou a usar balas nem munições para lutar contra o inimigo durante a ocupação. Lutou sempre pelos desígnios da liberdade e dos direitos humanos.
Segundo o deputado, o regime autoritário que Myanmar enfrenta atualmente é idêntico ao do tempo da ocupação.
“Apesar de termos assistido por via das imagens televisivas a onda de violência perpetrada pelos militares de Mianmar, que mataram inúmeros civis, o nosso Governo decidiu abster-se. A bancada do Partido Democrático considera o voto de abstenção uma traição aos valores democráticos que o país tanto defende”, lamentou.
O deputado pediu, por isso, à Ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Adalgiza Xavier Magno, que esclarecesse publicamente, o mais breve possível, as razões que levaram Timor-Leste a abster-se.
“Não precisamos do apoio de Myanmar, enquanto membro da Associação dos Países do Sudeste Asiático (ASEAN, em inglês), para encetar negociações. Um país que viola os direitos humanos não merece receber nenhum apoio”, adiantou.
Já o Ministro dos Assuntos Parlamentares e Comunicação Social (MAPCOMS), Francisco Jerónimo, comprometeu-se que irá em breve coordenar com a Ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação a fim de esclarecer a posição do Executivo. (kyt)
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