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César Gaio, o chefe empreendedor que promove “comida de pobre” no mundo

Mateus da Cruz - Dili · Kulinaria
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César Gaio

Canja de moringa, fruta-pão, batata-doce, milho cozido, saboko [peixe assado em folhas de palmeira] são comidas locais timorenses, mas, em Timor-Leste, há quem acredite que os produtos locais são alimentos dos pobres e, por isso, não devem ser oferecidos. César Gaio, 39 anos, um jovem natural de Baucau, dono do restaurante Dilicious, quer contrariar esta ideia e mostrar o potencial dos produtos timorenses.

Quem o conhece destaca o seu entusiamo, a criatividade e a paixão pela culinária bem visível no brilho do olhar, quando fala de cozinha. A energia está-lhe no sangue, diz-César, que fala com o orgulho do esforço dos pais. O pai é professor, mas sempre trabalhou na terra depois da escola. A paixão pela cozinha, essa, herdou-a da mãe, uma mulher criativa que o ensinou a cozinhar, quando era criança. Fruta-pão com tamarindo foi o primeiro prato que aprendeu com a progenitora.

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A culinária esteve sempre lá, mas não foi esse o primeiro caminho que seguiu. Já jovem, estudou Relações Internacionais na Universidade de Díli e trabalhou na Embaixada dos Estados Unidos da América e na Asia Foundation durante alguns anos. César sentia, contudo, que a paixão pela gastronomia o acompanhava, cada vez mais, até que chegou a um ponto em que não era mais possível ignorá-la. Decidiu trocar a segurança do emprego e mudou de profissão.

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Apesar de ser adepto do lema “família, família, emprego à parte”, César recebeu muito apoio de familiares, sobretudo de um irmão, outra das suas influências, “um homem muito inteligente, que estudou em vários países, Austrália, Estados Unidos”. Num das conversas com ele, veio a inspiração para o nome do futuro negócio: Dilicious. “Tínhamos o hábito de trocar ideias até à meia-noite e queríamos um nome que fosse atrativo e fácil de recordar”, conta.

Como mostram as frequentes publicações no Facebook, César é fã incondicional do jogador de futebol português Cristiano Ronaldo, avançado que usa a camisola 7 como número e marca registada. Supersticioso, decidiu iniciar as atividades do Dilicious no dia 7, em maio de 2015. Na altura, os recursos que tinha permitiram-no a iniciar as atividades através de uma cozinha móvel (food truck).

Com a sua carrinha, percorreu quase todo o país durante um ano e conheceu muitos mercados tradicionais. A internet também foi um espaço que o ajudou a divulgar a sua comida – característica que se mantém até hoje. “São estratégias para motivar e ganhar clientes”, afirma com um sorriso no rosto.

A experiência com a cozinha móvel serviu para confirmar o que a sua intuição lhe dizia de trabalhar com comida e permitiu-lhe também juntar algum dinheiro. Porém, sentia que precisava de melhorar e, em meados de 2016, rumou para a Nova Zelândia, onde ficou por um ano.

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“Quando parti para a Nova Zelândia, só tinha duas coisas em mente: desenvolver os meus conhecimentos na gastronomia e na área da hospitalidade”, relata. Aí, concluiu o curso de nível cinco em hospitalidade e voltou para Timor-Leste no ano seguinte, já com o objetivo de abrir o próprio restaurante de gastronomia timorense, em Díli.

Com as economias e a experiência e qualificação adquiridas, César abriu, então, o restaurante, que começou com quatro funcionários. Hoje, 27 pessoas formam a “família Dilicious”. Todos os dias, servem uma média de 250 refeições em três espaços diferentes, onde têm clientes fixos, como funcionários da empresa Heineken e da Organização das Nações Unidas (ONU).

César conta que tem de lidar com muitas críticas diariamente por usar os produtos locais, mas nunca se rende. Entusiasta da filosofia chinesa, que considera a prática o critério da verdade, o chefe quer que a sociedade timorense valorize mais os produtos locais. “Cerca de 98% dos ingredientes da nossa comida vêm da produção local. Essa perceção de que a comida local é de baixa qualidade é um grande equívoco. O Dilicious tem demonstrado isso todos os dias, há quase 8 anos”, destaca.

Com a cabeça “cheia de ideias”, o empreendedorismo de César não fica por aqui. A pensar no ambiente, começou a fabricar pratos e tigelas feitas de casca de areca e tem agora uma quinta de onde vem carne para o restaurante. Os restos da cozinha são dados aos animais e artigos como garrafas e latas são reutilizados na quinta.

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A comida de pobre que conquistou o mundo
Apostando na “comida pobre” local, o Dilicious já representou os restaurantes timorenses em festivais de gastronomia internacionais. A primeira experiência do tipo foi em Macau. Fruta-pão, canja de moringa, batata-doce, tukir [carne assada em bambu] de búfalo e saboko foram algumas das iguarias servidas pelo chefe.

“Pela primeira vez, ouvi os visitantes chineses, portugueses, brasileiros e de outros países a dizerem o quão saborosa é a comida local de Timor. Foi um bom sinal, que nos serviu de motivação para seguir adiante e melhorar a qualidade”, diz.

Após a feira em Macau, César continuou a levar a comida timorense para o resto do mundo, em eventos gastronómicos pela Europa, América e Ásia.

O chefe encoraja os jovens empreendedores a terem coragem de perseguir os sonhos. “Com os erros que cometemos, podemos melhorar no futuro. Sucesso é agradecer as falhas para serem corrigidas. Sucesso é não permitir que as emoções controlem a lógica”, reflete César. (CLJ)

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